Caminhos

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Porque não pode haver outra forma senão a de existir tal como somos...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016


Insomnia







No seguimento de uma publicação de João Menéres, cá vai um grafitti  pintado por baixo de um viaduto da minha cidade - Coimbra. O viaduto situa-se entre a rotunda da Quinta da Romeira e a do Alto de S. João. O jovem que pintou esta belíssima obra é português, usa o "pseudónimo" de Violant e foi notícia de 1ª página no Diário de Coimbra  do dia 18 de Outubro de 2015.
Achei extraordinário e quis ver ao vivo. Fui ao local fotografar, mas preferi publicar a foto que se encontra na cronologia do autor na sua página do facebook. Melhor que as minhas palavras é o texto de Richard Tassard, publicado numa revista francesa, sobre Violant, considerando o trabalho do artista pintura a sério e comparando-o a Van Gogh. Diz, neste texto que o artista não segue as regras e os códigos da arte de rua. Tal como li no DC, este jovem tem aspirações elevadas. Espero que lute para as cumprir!
Se me é permitida uma interpretação muito pessoal, uma imagem que ilustra bem os dragões existentes na nossa sociedade e no nosso mundo (catástrofes, guerra, pobreza, egoísmo, ganância, corrupção, crime económico,...) e que nos impedem de ter sonos tranquilos...


Violant, debout à l'extrême droite de la photographie, donne l'échelle de sa fresque. Est-ce encore une fresque ou un mur peint? La définition est, en fait, de peu d'importance. La profonde originalité de Violant est de peindre ce qu'il a envie de peindre sans se soucier des canons et des codes du street art. À se demander si ses œuvres sont des fresques de street art. Peu importe. Dans "Insomnie", Violant peint une scène intime : une femme ne dort pas. elle est seule dans une chambre et est assaillie par un monstre qui prend la forme d'un dragon qui la menace ou essaie de la pénétrer. Le décor évoque une chambre d'adulte mais un ours en peluche est au bas du lit. Une mère donc ne dort pas et, dans cette chambre ordinaire, un monstre extraordinaire tente de l'envahir. La scène de l'insomnie qui pourrait être une scène banale devient une scène d'épouvante.

Les œuvres de Violant révèlent ses joies et ses angoisses, ses espoirs et ses peurs. Elles sont bien loin du "faire beau" de certains street artists. Il ne décore pas, il peint. Comme Van Gogh, comme un peintre de chevalet, parce que peindre lui est nécessaire pour vivre.
(Texte Richard Tassart)

12 comentários:

  1. Uma maravilha!
    É uma pena ver que muita da genialidade que atravessa os dias à margem do reconhecimento público. Penso que os Municípios poderiam dar condições a estes artistas dignificando o seu trabalho. E, mesmo aqueles que andam por aí à noite em aventuras perigosas e prejudiciais para si próprios e para o património, tantas vezes na onda mas sem jeito, que andam à procura dum caminho, do seu caminho, deveriam ser, como dizer sem ofender ninguém, "enquadrados" e ajudados.

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    1. Concordo em absoluto, existe de facto muita "genialidade" sem reconhecimento e é uma pena...Esta é uma pintura fabulosa!
      Obrigado
      beijinho

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  2. Que bela expressão artística. Isso é bonito de ver um arte. Aqui vemos mais riscos nos muros.
    Feliz 2016.

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  3. É uma bela pintura.
    Um beijinho e um bom fim-de-semana:)

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    1. È mesmo, Isabel, pena estar escondida. Por cima dela passam centenas de carros diariamente!
      Beijinho e bom fim de semana, espero que com algum sol, favorável a fotos e a banhos de cultura!

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  4. Graça,
    Antes de mais, a pintura é mesmo bela. E, como tudo o que é belo, inspiradora.
    Quanto a forma como a interpreta, se vestir as minhas roupas de ocidental, sou levado a concordar. Contudo, e como muito bem sabe, a figura do dragão tem várias interpretações, e a visão que os orientais (principalmente os chineses) têm desse animal mitológico é o oposto da cultura ocidental. Ou seja, se nos regermos pela visão chinesa, a pintura adquire um significado completamente diferente, com a pessoa a ser envolvida pelas "energias positivas" do dragão, talvez para melhor enfrentar as incongruências desta vida. No fundo é assim que funcionam as obras de arte, fornecendo pistas aos "leitores" para construírem a sua visão.
    Com isto não estou a tentar defender nada, apenas a salientar que há múltiplas formas de olhar para a mesma "realidade".

    Um beijinho :)

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    1. Olá AC. Sim, concordo consigo. De facto, li e continuo a ler a pintura à luz da minha cultura. Também atendi ao título, "Insomnia" e normalmente as insónias acontecem quando algo nos atormenta. Não sei qual a mensagem que o autor, enquanto ocidental, quis transmitir (não é o importante). O importante, ao olhar a obra de arte, qualquer que seja, é o "gostar-se/surpreender-se/emocionar-se". De facto, a arte, como diz, permite várias interpretações e ainda bem que assim é, dando-nos essa liberdade das emoções que convivem com o mundo interior e com o mundo de experiências de cada um de nós.
      Obrigado!
      Beijinho

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    2. Confesso que passei ao lado do título, isso poderá fazer toda a diferença. Mas gosto de pensar que, a partir do momento em que o mensageiro entrega a sua mensagem, este é o legítimo proprietário dela, podendo dissecá-la como melhor lhe aprouver.
      Uma boa noite! :)

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    3. Exatamente!
      Por coincidência o meu signo chinês é dragão :)
      Bom domingo e boas culturas!

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    4. Este comentário foi removido pelo autor.

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