Caminhos

Caminhos
Porque não pode haver outra forma senão a de existir tal como somos...

domingo, 14 de fevereiro de 2016


Credulidade

os homens às vezes são puros como crianças a comer um gelado
e acreditam nos deuses que povoam as manhãs de reflexos dourados
e que cantam canções de embalar para os bichos adormecerem
na lentidão infinita do calor dos dias
os homens afastam com as suas melopeias os monstros
que vão ensurdecer e enegrecer outras paragens
para os deixarem sonhar de um prazer prolongado
enquanto o gelado se derrete
as tardes evolam-se e os homens crêem na duração do silêncio
na inteireza absurda da verdade
na paz absoluta de qualquer porto seguro
e os silvos que se ouvem ao longe e ameaçam os ares
dissolvem-se por dentro do açúcar e do chocolate
e do canto dos homens e dos deuses
cheira a plenitude
quando às vezes os homens são puros como crianças a comer um gelado
e os homens nos andaimes incendeiam o seu coração apagado
gritando ao vento melodias em que nunca pensaram

adoecendo de prazer













quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016


Mural concluído

Finalmente, após alguns dias, entremeados de chuva e sol, o artista Violant terminou o seu mural na casa em ruínas que serviu de abrigo a uns casais de nómadas que por ali passaram.
Vejam como ficou bonito!






































quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016


Violant

Esta semana foi positiva.
Conheci pessoalmente Violant (João Maurício, o jovem artista da vila de Riachos).
E porquê? Porque está a pintar um mural, abaixo fotografado, mas ainda incompleto, numa casa "abandonada" ao lado do prédio onde vivo. Tal como mostram as fotos, não resisti à tentação :)
Já tinha publicado o seu mural "Insomnia", que volto a publicar aqui, para que se recordem.
Em baixo coloco ainda um excerto da entrevista que deu ao Ctrl+Alt+RUA.
Violant é licenciado em Artes Plásticas e Multimédia e concluiu já o mestrado.





























«Violant acabou por defender sua tese – item necessário para concluir o mestrado – nas fábricas abandonadas e na companhia dos tais extensores, que começou a usar no verão de 2012, quando ainda estava no primeiro ano de Caldas, e que acabou por lhe apresentar sua nova “paixão”: a grande escala, na qual em pouco tempo já era mestre. “Esse período de fábricas abandonadas foi muito importante. Por serem locais mais reservados, acabou por facilitar essa iniciação, já que não havia inibição ou qualquer falta de confiança por ter que enfrentar o público. Ainda mais para um gajo introvertido. Nem toda gente é extrovertida e gosta de aparecer ou de mostrar o que está a fazer, entende?”, questionou o artista, que, mesmo atualmente, com excelentes obras no currículo, prefere evitar qualquer tipo de conversa no momento do trabalho. “Costumo a colocar os ‘phones’ no ouvido e entrar no meu mundo. Não gosto de ser interrompido com elogios e nem com criticas, até para não embaralhar o andamento da pintura. Os comentários, quase sempre genuínos e espontâneos, ficam para depois, mas sempre faço questão de ouvir e considerar esse retorno”, completou.»