Ciclo Coimbra T(em) Poesia
Foi no passado Sábado, dia 26 de Novembro. Fui convidada pelo meu amigo João Rasteiro para participar no evento "Coimbra T(em) Poesia", na Casa da Escrita em Coimbra e aqui fica o que disse, para quem quiser ter a paciência de ler.
Foi no passado Sábado, dia 26 de Novembro. Fui convidada pelo meu amigo João Rasteiro para participar no evento "Coimbra T(em) Poesia", na Casa da Escrita em Coimbra e aqui fica o que disse, para quem quiser ter a paciência de ler.

Como tinha estas dúvidas todas, resolvi ir ao dicionário (uma das minhas bíblias) ver o que nos diz sobre a palavra poeta. E o que nos diz é o seguinte: "poeta - adj. que faz poemas ou versos. n.masc. 1. autor de poesia; vate; versejador. 2. autor cuja obra tem características poéticas. 3. aquele que tem inspiração ou imaginação inspirada. 4. idealista, sonhador; 5. indivíduo bem falante, eloquente.
poeta de água doce - poeta que faz maus versos."
Então seremos todos poetas?
E eu? Serei poeta?

Uma das primeiras pessoas que me "encomendou" um poema foi a minha muito querida irmã Alexandrina, minha catequista, uma freirinha da Casa de Formação Cristã, o "Refúgio", situado ali ao pé do Clube dos Empresários, que me mandou fazer um poema sobre o Natal (leitura do poema). Eu tinha então por esta altura 10 anos. Hoje já vejo o Natal com outros olhos (leitura de um poema atual sobre o Natal). Depois vieram os textos de escola, encomendados pelos meus brilhantes professores de português, que tive a sorte de ter e pela mão dos quais escrevi variadíssimos textos. Seguidamente, ou talvez em simultâneo, veio a adolescência e os poemas de sofrimento de amor e ainda bem que tive o bom-senso de rasgar tais manuscritos, pois era amor por todo o lado e digamos que não eram palavras demasiado lamechas para que se dessem a ler. Entretanto cheguei a este livro, o "Cores do Silêncio". E por que razão publiquei só agora? Porque eu considero que para publicar, é necessário reunir três coisas: experiência de vida, maturidade e técnica. Os meus poemas da adolescência até podiam ter muito sentimento, mas faltava-lhes maturidade e técnica. Decidi publicar este livro, não por qualquer tipo de pretensão, mas porque achei que tinha mensagens que eu queria partilhar.(leitura de um poema do livro - "Ao Vulgo").

Irei publicar entretanto outro livro que se encontra dividido em três partes e gostaria de ler agora um poema de cada uma delas (leitura dos três poemas).
E como este evento se intitula "Coimbra (T)em Poesia" vou ler agora o poema "A Coimbra" do livro Cores do Silêncio. (leitura do poema).
Deixo-vos um dos meus poemas que foi lido pelo João Rasteiro e declamado pelo poeta Alexandre Sarrazola nesta sessão:"
quando
nascemos
os
bichos abriram desmesuradamente os olhos
para
a perfeição dos querubins
e
a boca de espanto
esconderam-se
dentro das nossas asas
para
voar connosco
assim
que aprendêssemos
lá
de dentro segredaram-nos histórias
de
bruxas lobisomens e fantasmas
perigos
culpas castigos
e
não encontrámos mãos para os tirarmos
do
ninho construído com as nossas penas
os
bichos gritam-nos que perdemos
a
cada instante
e
que as vitórias são longe
é
preciso expulsar os bichos dementes
que
nos trazem visões de adamastores
fazer-lhes
uma cirurgia
abrir-lhes
as entranhas
retirar-lhes
o fel
implantar-lhes
um coração qualquer
desde
que seja um coração
é
preciso afastar os bichos para longe
travar
a força dos presságios
pintar
as asas de branco
e
voar limpos

A esta sessão seguiu-se um pequeno debate com questões da assembleia aos 2 poetas participantes e, finalmente, foi-nos oferecido um conjunto de livros.
Uma sessão fantástica, para recordar!