Olhar é bom, saber ver ainda é melhor.
Andamos durante anos alheados, desatentos,
imersos em outros mundos que a idade nos impõe. E depois, quando finalmente
decidimos estar atentos, acordar e ver à nossa volta, ouvimos a Natureza a
pedir-nos um olhar, uma reverência, um agradecimento, uma homenagem. Centro a
minha atenção no espaço circundante. O comboio está cheio de gente, mas não me
disperso. De pé, entre duas carruagens, num lugar não suposto, encostada à
grade de ferro que limita o acesso à escada de saída, sorvo a plenos pulmões a
vida, segundo a segundo. Quero sentir o ar veloz a bater-me na cara. Contemplo
o espetáculo dos múltiplos verdes e azuis à minha frente, admiro os mistérios
da Natureza, calculo as dezenas de
histórias guardadas por estes vales e montanhas, segredos de vidas árduas, traçadas
nos meandros da sorte e do destino. São quilómetros de vinhas em socalcos a
perder de vista. Íngremes encostas, onde as oliveiras, apoiadas em solos de
xisto, também fazem cor. O rio passa largo, sereno e indiferente, a ensinar-nos
que a imensidão não é nossa. O silvo da locomotiva 0186, construída em 1925, atroa
os ares. As rodas chiam sobre os carris. Das margens, há quem nos acene. Sinto
um respeito solene por isto tudo e obrigo-me ao silêncio, como se estivesse no
interior de uma imponente e imensa catedral.
Já fiz essa viagem há poucos anos atrás e, se me permite, subscrevo o seu belo texto.
ResponderEliminarTambém gostei muito das fotos e deliciei-me com o vídeo.
Abraço , bom resto de semana :)
É uma viagem maravilhosa. Quando dei aulas em Mogadouro fiz Pocinho-Porto que é a continuação desta linha.
EliminarBeijinhos
Que feliz estou com este teu regresso amiga Graça,
ResponderEliminare logo numa locomotiva tão histórica.
"O rio passa largo, sereno e indiferente, a ensinar-nos que a imensidão não é nossa"
Quanta sabedoria!
Beijinho grato!
Muito obrigada, Fê! A viagem é deslumbrante!
ResponderEliminarÀs vezes o tempo escasseia para comentar tudo convenientemente, mas faz-se o possível. Vou tentar ser mais assídua!
Um beijinho
Bom dia. Bonito blogue
ResponderEliminarNão conheço o Douro, infelizmente. Falha minha. Um dia irei rio acima, rio abaixo..
.
Um dia feliz. Cumprimentos.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Vale bem a pena!
EliminarObrigado pela visita.
Bons "Devaneios Poéticos"
Cumprimentos
Fazer o Douro num comboio com máquina a vapor é do outro mundo.
ResponderEliminarBelíssimas fotos, gostei de a ver feliz...
Continuação de boa semana, amiga Graça.
Beijo.
Que lindo! Deve ser uma viagem encantadora! Gostei imenso das fotos e do video.
ResponderEliminarBeijinhos e bom domingo:))
É uma viagem fantástica, essa, que também já fiz. Gostei deste seu regresso, embora na minha ausência.
ResponderEliminarQue esteja bem e a cuidar-se, minha Amiga Graça.
Uma boa semana.
Um beijo.
Tão bonita esta prosa, Graça, servida em baixela de imagens deslumbrantes. Obrigado.
ResponderEliminarO vento...
O vento são as mãos,
mais de mil, escaldadas e gretadas
nos verões e invernos daquela terra sísifa.
Retornam as mãos a cada visita
para a subida ao cume e
descida ao fundo a bambolear.
Num afagar acordam a distração e a indiferença.
Um afagar áspero de rosto
no vale da realidade.
Beijo.
Para quando novidades por aqui, amiga Graça.
ResponderEliminarEspero e desejo que esteja tudo bem consigo !
Beijinho
Vale a pena fazer esse percurso de comboio, que se for puxado por uma locomotiva a vapor, ainda é melhor.
ResponderEliminarGostei de ler o texto e de ver as suas fotos.
Bom fim de semana, querida amiga Graça.
Beijo.