Fiz este poema aos 9/10 anos. Era a minha visão de criança e do mundo naquela altura, parecido, mas muito diferente do de hoje. Coimbra era uma aldeia. Não havia internet, nem telemóveis, nem computadores. Televisões, poucas. Não tinha noção das guerras, nem do ódio. No bairro onde cresci havia zaragatas, mas também interajuda. Por exemplo, emprestar um serviço de jantar, a alguém que se ia casar. Brincávamos livremente nas ruas, a correr, mas sem ser contra o tempo. Os carros eram escassos. Nem parece verdade, pois não? Tínhamos pouco, mas tínhamos muito. Havia Amor e Solidariedade. Hoje temos tudo e falta-nos sempre alguma coisa.
A poesia faz falta ao mundo. Ser Natal, em cada dia, também.
Se o Natal existir em cada um de nós em cada dia, então à nossa volta poderá ser sempre Natal!
Boas Festas para todos 

Faz frio e neva.
As ruas iluminadas...
As montras coloridas...
As ruas movimentadas e barulhentas...
As pessoas passam apressadas
de embrulhos nas mãos.
Os olhos dos meninos que passam
riem de contentamento.
E a pergunta é sempre a mesma:
"Que trará este ano o Pai-Natal?"
Mas as horas aproximam-se.
As lojas fecham...
As ruas passam à calma e ao silêncio...
As pessoas regressam a casa
e aguardam a hora.
Soa a meia-noite.
É o dia de Natal!
Mas Natal, será apenas isto?
Pintura de Lorenzo Lotto
