25 de Abril
Passados 49 anos do dia que nos trouxe a ansiada
Liberdade, atravessamos um tempo estranho!
É inegável que temos de pensar antes de abrir a boca,
sobretudo para não magoar os outros, mas parece-me que neste tempo corrente,
inconstante, instável e frágil somos agora obrigados a pensar muito mais que
antes. As sensibilidades estão ao rubro e quase tudo é assumido como um ataque
às liberdades individuais. Há, por um lado, a liberdade de acusar, sem
critério, tudo o que se quer e, por outro lado, a liberdade de expressão
condicionada e ao serviço de más interpretações. E os cravos lentamente vão
ficando arroxeados! De repente, temos de nos acautelar para falar, para olhar,
até para ouvir!
Comemoramos a incontestável liberdade política que
conhecemos, admiramos e aplaudimos e que nos deu um sem número de direitos, mas
não poderemos jamais esquecer-nos, em primeiro lugar, dos nossos deveres.
Onde acaba a minha liberdade e começa a do outro? Perdemos
a capacidade de separar o trigo do joio? Não estaremos, de certo modo, a perder
a liberdade? E o bom senso, em que campo de Abril se perdeu?