Caminhos

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Porque não pode haver outra forma senão a de existir tal como somos...

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

NATAL

a ilusão cresce nas montras
presa nas bolas coloridas das árvores
abundam e brilham corações e estrelas
misturam-se figuras cristãs e pagãs
e há um fio que nos prende
e nos deixa suspensos entre a terra e o céu
e nos leva os nervos
para a terra passageira dos sonhos
natal dos ímpios e dos impuros
que lavam a cara no mar do lucro
Jesus morreu
mas os sinos repicam
os anjos embebedam-se
de verde vermelho e dourado
de fitas e laços
e cantam
glória a Deus nas alturas
e paz na terra aos homens de boa vontade
as mãos estendidas dos pedintes
sorriem de esperança
ao dia da sopa quente a chegar


11 comentários:

  1. Gostei muito do poema, que fica tão bem com a imagem escolhida.

    Boas festas, que o Natal seja de Paz e Amor e que o Novo Ano traga Felicidade. :)

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  2. Da hipocrisia do Natal todos sabemos, e disso o poema faz retrato exemplar, com palavras talentosas. Se fosse só para analisar o poema, é evidente, para mim, que ele teria, e tem, nota alta. No entanto, Graça, permita-me reivindicar o Natal em que acredito, uma ideia que procuro viver dia após dia, em que a simplicidade não é palavra vã. Não é que aquilo que os outros pensam não me interesse, sei bem o mundo que me rodeia, mas mais forte é aquilo em que creio, que sinto, e que procuro transportar, às vezes desajeitadamente, para os passos que vou ousando dar. Não é fácil, eu sei (às vezes dói), mas para mim é assim que tem que ser.

    Um Feliz Natal :)

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    1. Gostei muito do seu comentário AC. É o seu Natal em que eu acredito e tento viver também, mas isto de olhar o mundo em que vivo, senti-lo e descrevê-lo ao meu modo está-me no sangue, corre-me nas veias o bichinho teimoso da denúncia...
      Obrigado e bem-haja!
      Feliz Natal para si!

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  3. Como sempre palavras sábias e ideias belas. Um abraço natalício com carinho e amizade
    Isabel

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  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  5. Gracinha,
    Gostei do teu poema, sim. Juntaste a vida à morte, fez-me impressão essa passagem tão rápida do Advento para a Quaresma, mas é lindo e pungente.
    Beijinhos. :))

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    1. Obrigada, Ana! A moeda tem sempre duas faces, embora às vezes só nos apeteça ver uma...
      Beijinhos

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  6. Venho aqui, tarde e a más horas, e encontro uma evocação de natal que passou, ou não, pois diz-se que "o Natal é quando o homem quiser". A Graça, pondo o dedo na tinta, recordar o que fica por cumprir.

    Nasceu e morreu na esperança
    de uma malga de sopa.
    E, no entanto, fitas e laços
    e abraços pintados de muita cor.
    E, no entanto, o menino-homem morre de dor
    sem um caldo de calor.

    Um Bom Ano de 2016 cheio de agasalhos, para dar e receber.
    Bj.

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    1. Obrigado, Agostinho!
      Pois...festas, comida, excessos e o principal por fazer!Diariamente devia ser Natal...para todos, pois todos nascemos debaixo do mesmo sol e do mesmo manto azul que nos cobre...infelizmente não é assim! O homem é o lobo do homem!
      Feliz 2016 para si.
      beijinho

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