A poesia dá-nos a beleza dos dias tristes
Por coincidência, ou talvez não, foi no dia do pai que recebi o 2º prémio da VI edição do concurso "Poesia na Biblioteca" promovido pela Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova e como não podia deixar de ser dediquei este prémio ao meu pai que, se estivesse vivo, ficaria muito orgulhoso dele...
Agradeço à minha amiga Ana Ruas a companhia e a caixinha dos bolos. Foi um bom momento!
as árvores já não gostam dos homens
porque eles atraiçoaram-nas
adiantando os relógios malditos
ao encontro suicida da apoteose final
aliciante cinzenta e indistinta
os pássaros foram fazer ninhos
nas nuvens negras
as crisálidas apodreceram no porão
dos navios abandonados
onde naufragaram os desejos
das sete virgens que sonharam
com paraísos e felicidade infinita
veio um deus maldito
sacudir os frutos das árvores
que apodreceram nas searas
onde não nascem papoilas
as montanhas abriram-se
formando túneis vazios
as casas ardem de febre
porque os homens têm o betão
o níquel a prata e o ouro
por dentro das veias e dos músculos
e as crianças que brincavam dentro deles
adormeceram para sempre
agora as árvores estão velhas e cansadas
viram as costas aos homens e adormecem zangadas
num sonho agitado e perturbador de cavalos a galope
e crianças a brincar com ferro forjado
no céu uma caneta acusadora sentencia
mas o discurso é uma metáfora esquecida
o tempo é para mastigar devagarinho
como pão com manteiga à sombra das árvores
que gostam de contar histórias aos homens
da terra virgem a brincar
com bonecas rosadas de puxos
os relógios também estão cansados
o tempo está velho
e definha debaixo da abóbada celeste
porque eles atraiçoaram-nas
adiantando os relógios malditos
ao encontro suicida da apoteose final
aliciante cinzenta e indistinta
os pássaros foram fazer ninhos
nas nuvens negras
as crisálidas apodreceram no porão
dos navios abandonados
onde naufragaram os desejos
das sete virgens que sonharam
com paraísos e felicidade infinita
veio um deus maldito
sacudir os frutos das árvores
que apodreceram nas searas
onde não nascem papoilas
as montanhas abriram-se
formando túneis vazios
as casas ardem de febre
porque os homens têm o betão
o níquel a prata e o ouro
por dentro das veias e dos músculos
e as crianças que brincavam dentro deles
adormeceram para sempre
agora as árvores estão velhas e cansadas
viram as costas aos homens e adormecem zangadas
num sonho agitado e perturbador de cavalos a galope
e crianças a brincar com ferro forjado
no céu uma caneta acusadora sentencia
mas o discurso é uma metáfora esquecida
o tempo é para mastigar devagarinho
como pão com manteiga à sombra das árvores
que gostam de contar histórias aos homens
da terra virgem a brincar
com bonecas rosadas de puxos
os relógios também estão cansados
o tempo está velho
e definha debaixo da abóbada celeste
GA
Em primeiro lugar parabéns pelo prémio.
ResponderEliminarGostei muito deste poema, algo melancólico e perturbante, mas muito belo.
Um beijo.
Olá, Graça!
EliminarMuito obrigada!
beijinho
Uau, que bom! Parabéns, Graça!
ResponderEliminar(Passarei mais tarde para comentar com outro fôlego)
Um beijinho :)
Olá, AC :)
EliminarObrigado!
beijinho
Tudo pelo melhor
ResponderEliminarapós o belo parto
O parto correu bem :)
Eliminarobrigado :)
Já tinha visto no (In)Cultura, Sonhar a 1000 como eu gosto de dizer.
ResponderEliminarFiquei feliz pela Graça. O poema tem aquele tom melancólico que fica sempre a fazer sentir os corações e, ao mesmo tempo, tem uma mensagem importante para as nossas comunidades.
Parabéns.
Olá, Agostinho!
EliminarÉ sempre um prazer enorme "lê-lo", quer aqui, quer no seu blogue!
Obrigado pelas suas palavras amigas!
Beijinho
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarFicámos a perceber que o Agostinho gostou MESMO do poema!!!
ResponderEliminar(Não resisti a uma brincadeira, por ver que o comentário do Agostinho saiu em quadriplicado...)
Mas o poema é mesmo bonito.
Parabéns pelo merecido prémio, Graça, e pelo dia, que parece ter sido um dia rico de acontecimentos:)
Beijinhos:)
Olá, Isabel!
EliminarFez bem brincar, eu já eliminei. Fico feliz por ele ter gostado e a Isabel também.
Foi um dia diferente e feliz em agradável companhia.
Beijinhos :)
Parabéns, Graça. :))
ResponderEliminarBeijinho.:))))))))))))))))))
Obrigada por tudo e essencialmente por teres estado ao meu lado!
EliminarBeijinhos
Parabéns pelo prémio de poesia que conquistaste.
ResponderEliminarE parabéns também por este excelente poema. És brilhante.
Uma PÁSCOA MUITO FELIZ, querida amiga Graça.
Beijo.
Olá, Jaime!
EliminarMuito obrigado!
Páscoa Feliz!
Beijinhos
Pronto, ultrapassadas as burocracias escolares, cá estou para cumprir o prometido. :)
ResponderEliminarSentem-se, no poema, as preocupações com as grandes mudanças no mundo, muitas delas em dissonância com as mais elevadas aspirações do ser humano. O tempo é de preocupação, teima em assomar a intolerância e a rapinagem, despoletando um movimento (inconsciente) colectivo de insegurança, muito próximo, cada vez mais próximo, do salve-se quem puder.
Louvo-lhe a lucidez, Graça. Ressalvo, ainda, e para quem souber ler nas entrelinhas, o espaço deixado para a mudança de rumo. Que é o que todos queremos.
Mais uma vez parabéns e... um beijinho :
Olá, AC!
EliminarEfectivamente é uma pena que o homem esteja a caminhar no sentido inverso a si próprio!
Muito obrigado pela vinda e pelas suas palavras amigas!
beijinho
Gostei de reler o teu excelente poema.
ResponderEliminarBom fim de semana, querida amiga Graça.
Beijo.
Obrigado, beijinho e bom fim de semana!
EliminarUm poema que mereceu muito bem o prémio recebido.Parabéns!
ResponderEliminarO seu pai decerto está muito orgulhoso da filha talentosa que tem.
Um beijinho
Fê
Muito obrigada, Fê!
EliminarEstará com toda a certeza :)
beijinho
Um poema soberbo que adorei. Muitos parabéns pelo prémio bem merecido. Um abraço com carinho
ResponderEliminarMuito obrigada pelo carinho!
EliminarUm bjinho