Caminhos

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Porque não pode haver outra forma senão a de existir tal como somos...

domingo, 29 de maio de 2016

Mãe

tens os olhos mansos
das lutas de uma vida
os músculos sem força
e o corpo entorpecido
mas o teu sorriso é feliz na dor
e há força na tua esperança inabalável
que não sei de onde vem
obrigo-me a engolir a comoção
perante a tua imensa fragilidade
a vida pesa
como um trapo velho
a humedecer-nos a memória
e o tempo
que escasseia para tanto amor
sabe a solidão
ao distante das vozes do pai e da avó
aos risos da minha infância dormente
à bolacha esmigalhada com pêssego e banana
ao não sei quê do tanto que me deste
o meu coração é grande
mas não tem força para te pegar ao colo
porque preciso
mãe
que me embales outra vez





27 comentários:

  1. A profunda e indestrutível ligação à mãe, eterna âncora apaziguadora das nossas inseguranças...
    Quanta ternura, Graça!

    Um beijinho :)

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  2. Graça,
    Bom dia.
    Vim agradecer a visita e deixar o comentário que não fiz ;)
    "o tempo
    que escasseia para tanto amor" - o tempo, sempre a mostrar-se presente, até no amor, esse sentimento eterno. E amor pela mãe que nos esmigalhou bolacha não pode ser travado pelo tempo.

    bj amg

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    1. Olá, Carmem!
      Bom dia, eu é que agradeço.
      Pois...o tempo é sempre pouco, sempre escasso para o amor!
      beijinho

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  3. Um poema tão comovente. É a mãe que guarda no olhar os sonhos dos filhos. E a suas mãos têm tanta ternura que toda a vida precisamos delas...
    Beijos.

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    1. Obrigada, Graça!
      Tão comovente que choro cada vez que o leio, porque é um retrato fiel da minha realidade do momento.
      beijinho :)

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  4. (aspas)a vida pesa
    como um trapo velho(aspas)
    saturado de lagrimas. E, contudo, uns olhos, apaziguados onde se encontra a paz. Nao e, Graca, pergunto.
    Lindissimo poema!
    (teclado desconfigurado, fico por aqui)

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    1. É, sim, Agostinho, uns olhos calmos e tranquilos de paz, dados pela guerra da vida!
      Bem-haja!
      Obrigado
      As melhoras do teclado :))
      beijinho

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  5. Tão bonito!
    Os filhos precisam sempre das mães. Como diz o poema "Fosse eu rei do mundo, baixava uma lei: mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto do seu filho..." (mais ou menos assim...escrevi de cor).

    Lindo o seu poema, Graça!
    Beijinhos e desejo-lhe uma boa semana:)

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  6. É bom , muito bom, poder sentir essa ternura pela sua mãe...


    Abraços

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  7. Linda homenagem Graça.
    Um colo é por vezes uma dádiva tão grande. Dar e ter colo duas possibilidades que nos tornam grandes.
    Beijinho especial.
    Ando cheia de trabalho, só agora vi este novo poema.
    Beijinho.:))

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  8. gostei do poema
    sou muito sensível a essa ideia de "engolir a emoção"
    ... e seguir em frente.

    abraço

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    1. Pois...às vezes lá tem de ser...obrigado!
      Bem-haja!
      abraço

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  9. Comovo-me e partilho desta emoção, tão linda, tão pura.
    Quando vemos as nossas mães tão frágeis e vergadas ao peso da idade, cada dia é para nós, um despedir.

    Um beijinho Graça

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    1. Sim, é muito triste...a vida é uma passagem demasiado efémera...
      Beijinho, Fê e obrigada pela vinda

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  10. Um excelente poema que termina de uma forma brilhante e comovente.
    Gostava de ter sido eu a escrever este teu magnífico poema, minha querida amiga.
    Graça, tem um bom domingo e uma boa semana.
    Beijo.

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    1. Muito obrigado pela vinda, Jaime e pelo elogio!
      Um beijinho

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  11. Elogio inteiramente merecido, porque reli o poema (gostei de o fazer) e mantenho a mesma opinião, é mesmo excelente.
    Querida amiga Graça, tem um bom resto de domingo e uma boa semana.
    Beijo.

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  12. Compreendo-a tão bem amiga Graça...
    Um momento comovente de amor e impotência perante o inevitável.
    Um beijinho solidário e muito comovido

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  13. Um abraço solidário muito comovido.
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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