Caminhos

Caminhos
Porque não pode haver outra forma senão a de existir tal como somos...

sábado, 1 de outubro de 2016


Viemos para quase tudo.
No topo de qualquer montanha há sempre ainda outra mais longínqua onde se adivinham horizontes de nós, sombras fugidias que já nos pertenciam mesmo antes de nascermos.
O sol continua à nossa espera lento e corcovado, arrastando-se a olhar os velhos sabedores nos bancos de jardim.
Bastardos de uma penumbra qualquer, estamos para cuidar das árvores e deixar os ninhos amadurecer nos beirais das casas.
Tateamos todas as infinitudes para saciar a fome, a sede e o desejo.
Ansiamos escarpas nas montanhas que nos agasalhem do frio, do medo, do tremor e da pressa.

Viemos para o regresso de nós mesmos.


29 comentários:

  1. "Viemos para o regresso de nós mesmos."
    Viemos, mas raramente nos encontramos.
    Excelente prosa poética, Graça, recheada de espelhos desafiadores do interior de cada um.

    Um beijinho :)

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    1. Sim, tem razão, raramente nos encontramos...tão verdade.
      Obrigado, AC
      Beijinhos

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  2. «Viemos para quase tudo», uma grande verdade, estimada
    amiga, e conseguimos adaptar-nos a quase tudo...
    Lembro dos muitos que vivem em condições sub-humanas...
    A sua prosa poética está com tanta beleza e qualidade
    como a sua poesia.
    Abraço, Graça.
    ~~~~~~~~

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  3. A vida é uma luta constante. Temos que ser nós a criar espaços de tréguas.

    Gosto muito de anjinhos e tenho vários (tradicionais e outros mais modernos, de vários materiais). Estes são lindos!

    Um beijinho:)

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    1. Sim! E gostei da expressão "espaços de tréguas"...é isso mesmo que temos de fazer!
      Os anjinhos estão na minha sala :)
      Inspiram-me!
      beijinhos

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  4. Graça,
    Essa busca, esse horizonte cada vez mais distante, desgasta-nos e não nos leva a lugar nenhum.
    Quantas vezes o que ansiamos está tão perto.

    Um texto poético que alcançou o que decerto a amiga pretendia, reflectirmos.

    Um beijinho grato pelas suas carinhosas palavras no meu blogue.


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    1. Olá, Fê!
      Tem razão, claro!
      E sim, é a reflexão que pretendo :)
      beijinhos e eu é que agradeço o carinho com que sempre chega!

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  5. Olá Graça É viemos para tudo,sua poesia é tão linda é como um desabafo, ou uma confirmação de que só morremos fisicamente?
    E sempre voltamos para tornar a tudo querer novamente?
    beijos,
    Léah

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  6. Um texto cheio de beleza numa escrita que nos faz pensar. "Tateamos todas as infinitudes para saciar a fome, a sede e o desejo."
    Tão belo, Graça!
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  7. muito bem! gostei muito do texto.
    prisioneiros da insatisfação nos fazemos escravos de tudo
    - ou do NADA.

    beijo

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  8. Assim funciona o universo! Somos infinitamente pequenos, vivemos, morremos , renascemos(?) e o mundo gira. Somos partículas, apenas. Depois existem alguns privilegiados que nos enchem o coração com palavras únicas , como tu , Gracinha. Beijinhos

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    1. Olá, Belinha!
      Que bom ter-te por aqui!
      Obrigada por tudo o que me dás!
      beijinhos

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  9. "Viemos para o regresso de nós mesmos"
    Sim, pois todo o movimento é para o interior
    no reconhecimento da essência.

    Aprecio muito como a sua narrativa toca
    no introspectivo, e, ecoam as palavras...

    Muito belo seu texto.
    Beijo.

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  10. O teu texto poético tem profundidade e, acerca dele, muito se poderia falar.
    Cada fase, pode dar origem a diferentes e diversas reflexões ou conjeturas.
    A frase final "Viemos para o regresso de nós mesmos", por exemplo, em princípio estará relacionada connosco próprios apenas (terá sido essa a intenção da autora). No entanto, o nosso regresso poderá ser também a sucessiva aparição dos nossos descendentes, através dos quais nos vamos perpetuando.
    Enfim, é um texto riquíssimo, não só na forma como também no conteúdo.
    Querida amiga, parabéns pela excelência do teu texto.
    Graça, tem um bom fim de semana.
    beijo.

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    1. Olá, Jaime!
      A pluralidade de interpretações dos meus textos é uma honra para mim!
      Muito obrigado.
      beijinho

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  11. Olá, GA. Ando a dar uma volta aos amigos dos blogues mas de forma periclitante.

    Entrei numa curva apertada onde a força centrífuga deixa qualquer um na gravilha da inércia. Da impotência. Por isso a minha ausência.
    Puseram a mão no meu coração é fui ao centro de mim como nunca me tinha acontecido. Nos HUCs. E, afinal, o horizonte, tão largo aos olhos do desejo, apertado, reduzido à nossa própria natureza.
    O anjo que há em nós... eu nu, sem asas, à mercê do destino.

    A sua prosa poética emocionou-me.
    Bj

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    1. Oh, Agostinho! Se eu tivesse sabido, teria ido vê-lo.
      Obrigado pelas suas palavras carinhosas de sempre.
      Um até já e um beijinho

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  12. Gostei muito do texto, principalmente da frase derradeira: "viemos para o regresso de nós mesmos".

    Bom resto de fim de semana

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  13. Gracinha,
    Andei fugida e com pena minha vejo que perdi este texto que há muito podia ter lido. É um consolo para a alma.
    Beijinho. :))

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  14. Agarraste-o agora Anita :))
    Vens sempre a tempo!
    Beijinhos

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  15. Bom domingo, Graça, e obrigado pela atenção.
    Bj.

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